11 dezembro, 2006

Corpo de Pinochet é velado em meio a celebrações nas ruas


A morte do ditador chileno Augusto Pinochet, 91, na tarde deste domingo, levou milhares de pessoas às ruas do Chile em manifestações de celebração. Mais de 5.000 pessoas tomaram as ruas, segundo informações do Ministério do Interior. Algumas estavam de luto pela morte de um homem que acreditam ter "livrado" o Chile do comunismo, enquanto a maioria comemorava a morte de um dos mais famosos ditadores da América do Sul durante a Guerra Fria.Algumas demonstrações foram violentas, e a polícia militar usou gás lacrimogêneo para dispersar protestantes anti-Pinochet que tentaram invadir o palácio presidencial de La Moneda --importante símbolo para muitos chilenos desde que o prédio foi bombardeado durante o golpe em 1973 que levou Pinochet ao poder. A polícia impediu a passagem dos manifestantes e estes destruíram as portas de vidro de um hotel, atacaram farmácias e estabelecimentos comerciais. Os protestos só se dispersaram depois que a polícia lançou jatos d'água e gás lacrimogêneo na multidão. Após o fim dos protestos, a polícia afirmou que 24 policiais ficaram feridos, e o ministro do Interior disse que vários protestantes foram presos. Fogueiras queimaram nas ruas da capital, Santiago, que também ficaram cheias de destroços, pedras e barricadas.

Velório

O corpo do ditador Augusto Pinochet foi levado para a Escola Militar de Santiago para ser velado antes de seu funeral, programado para terça-feira (13).Um carro fúnebre saiu com o caixão do Hospital Militar, onde o general Pinochet morreu uma semana depois de sofrer um infarto do miocárdio, e chegou ao instituto militar na madrugada desta segunda-feira, informou a polícia. O velório foi preparado no salão principal da escola, que prepara os futuros oficiais do Exército. Pinochet ingressou ali como cadete em 1933 para iniciar os estudos militares que o levariam a transformar-se em ditador 40 anos depois, em 11 de setembro de 1973. O ditador (1973-1990) e comandante-em-chefe do Exército (1973-1998), cujo corpo será cremado, receberá apenas honras militares, mas não terá um funeral de Estado nem será decretado luto nacional, segundo decisão do governo da presidente Michelle Bachelet. O Exército anunciou em comunicado que às 12h (13h de Brasília) de amanhã acontecerá na Escola Militar uma missa em homenagem ao ditador. Ao término da cerimônia, serão feitas as honras fúnebres no pátio de honra do instituto militar.A câmara de Pinochet só poderá ser visitada pela família e pela alta oficialidade do Exército. Ao público, será colocado à disposição um livro de condolências. Todos os recintos militares chilenos arriaram hoje a bandeira chilena após a morte do ex-ditador. Quase 4.000 partidários de Pinochet se reuniram durante a noite nas proximidades da Escola Militar, mas apenas metade aguardou a chegada do corpo.

Morte

O ditador chileno morreu neste domingo, às 14h15 (15h15 pelo horário de Brasília), aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago. Pinochet havia sido internado às pressas na madrugada de domingo (3), após sofrer um ataque cardíaco.O médico Juan Ignacio Vergara, chefe da equipe médica que atendia Augusto Pinochet, disse que o ditador sofreu um problema cardíaco que não pôde ser superado, apesar de uma série de manobras de reanimação.Um relatório emitido pelo Hospital Militar de Santiago (às 11h de Brasília de ontem) falava sobre a estabilidade e chances de recuperação de Pinochet. Quatro horas depois, Pinochet sofreu uma "brusca recaída" e morreu.Pinochet morreu no mesmo dia do aniversário de sua esposa, Lucía Hiriart Rodríguez, que completa 84 anos. Grupos peruanos defensores dos direitos humanos ressaltaram a ironia de que a morte do ditador chileno Augusto Pinochet tenha ocorrido no Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado neste domingo.

Últimos anos

Pinochet passou os últimos anos de sua vida morando em Santiago e enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder (entre 1973 e 1990). Sob seu regime, mais de 3.000 pessoas foram mortas por sua polícia secreta. Apesar das acusações, o general não chegou a ir a julgamento, já que sua equipe de defesa sempre alegou que sua saúde era muito frágil para que ele enfrentasse o processo judicialPinochet enfrentava processos por crimes de violações dos direitos humanos, fraude ao fisco e uso de passaportes falsos no chamado Caso Riggs --aberto após a descoberta de contas secretas no exterior, nas quais ele acumulou fortuna de US$ 27 milhões, cuja origem não foi determinada.

FONTE: UOL