Brasil só fracassou em revanches contra França e Hungria
Nas nove oportunidades que teve de uma revanche em Copa do Mundo diante de um adversário para quem perdera num Mundial anterior (veja quadro abaixo), o Brasil só não conseguiu dar o troco em dois países: Hungria e França. Contra esta última, a seleção terá sua décima chance de revanche neste sábado, pelas quartas-de-final do torneio disputado na Alemanha.A França superou o Brasil nas quartas-de-final de 1986, vencendo a decisão por pênaltis depois de um empate de 1 a 1 em 120 minutos. A chance de devolver aquela eliminação ocorreu 12 anos depois, na final da Copa organizada pelos franceses. Mas eles levaram a melhor novamente, vencendo por 3 a 0 e conquistando seu primeiro título.Agora existe a possibilidade de retribuir pelo menos essa última derrota, embora o técnico Parreira e os jogadores da atual seleção insistam em suas declarações que o desejo de "vingar" aquele fracasso não passa por suas cabeças.
Os únicos que, por enquanto, se colocam na mesma situação que os franceses são os húngaros. Em 1954, bateram o Brasil por 4 a 2 nas quartas-de-final. A chance de revanche brasileira veio 12 anos depois num jogo que parecia mais corriqueiro, pela primeira fase da Copa de 1966. Mas a vitória por 3 a 1 da Hungria, com direito a "baile" e tudo, foi determinante para a precoce eliminação brasileira naquele Mundial disputado na Inglaterra.Em outras sete revanches, o Brasil conseguiu ficar quites com a seleção rival. Em alguns casos, anulando (ou pelo menos atenuando) uma derrota traumática, como nos casos dos reencontros com o Uruguai em 1970, com a Holanda em 1994 e com a Itália em duas finais, em 1970 e 1994.Derrotado pelo Uruguai no Maracanã por 2 a 1 na final da Copa de 1950, o Brasil devolveu em um jogo fundamental na semifinal de 1970. Quem vencesse, iria para a final contra a Itália. Todos os três países eram então bicampeões e a Taça Jules Rimet (primeiro troféu a ser disputado na Copa do Mundo) ficaria em definitivo com o primeiro país que fosse três vezes campeão. Portanto, quem perdesse o jogo Brasil x Uruguai nunca mais veria a Jules Rimet.Nesse contexto, a vitória do Brasil sobre a Itália na final de 1970 por 4 a 1 teve um peso bem maior que a vitória italiana na semifinal de 1938. Assim como os uruguaios, os italianos também nunca mais tocariam na Jules Rimet. Porém, nem mesmo os brasileiros fariam isso depois de dezembro de 1983, quando o troféu foi roubado da sede da CBF e, segundo conclusão das investigações policiais, derretido.A derrota do Brasil para a Holanda no jogo que definiu uma vaga para a final da Copa de 1974 foi traumática pela forma com que o adversário se mostrou muito superior. Mas, como no caso dos uruguaios, os holandeses tiveram a retribuição 20 anos depois: a seleção brasileira venceu por 3 a 2 nas quartas-de-final da Copa de 1994.
A final daquele Mundial nos EUA também seria outra revanche --a segunda contra a Itália. Em 1982, a Azzurra de Paolo Rossi tirara do Brasil a vaga nas semifinais com uma vitória de 3 a 2. Doze anos depois, a seleção brasileira do técnico Parreira não venceu o jogo (0 a 0), mas ganhou o título nos pênaltis, com direito a comemorar a cobrança perdida por Roberto Baggio.Outras revanches foram mais discretas. A derrota de 2 a 1 para a Iugoslávia em 1930, na primeira partida brasileira na história das Copas, foi compensada por uma vitória de 2 a 0 em 1950, que classificou o Brasil para as finais quando os adversários precisavam apenas do empate.Também em 1950, já no turno final, veio a devolução com juros para os 3 a 1 da Espanha que eliminaram o Brasil logo na estréia da Copa de 1934. Jogando em casa, a seleção goleou os espanhóis por 6 a 1.A derrota para a Polônia por 1 a 0 na morna decisão de 3º lugar de 1974 teve uma revanche um pouco menos morna em 1978 porque a vitória de 3 a 1 teria colocado o Brasil na final se, horas depois, a Argentina não tivesse conseguido diante do Peru um saldo de gols melhor naquele grupo semifinal.
Derrotas ainda sem revanche
O Brasil ainda não voltou a enfrentar três seleções para as quais perdeu em Copas.Até agora, não houve um reencontro com Portugal, que venceu e eliminou a seleção brasileira em 1966 por 3 a 1. Porém, esse encontro pode se repetir 40 anos depois, nas semifinais do atual Mundial.A seleção brasileira também não voltou a cruzar o caminho da Argentina, que a eliminou nas oitavas-de-final da Copa de 1990.A derrota mais inofensiva do Brasil em Mundiais (considerando que não teve efeito nem para classificar nem para eliminar) é outra que segue sem "segunda parte": os 2 a 1 obtidos pela Noruega na última partida da primeira fase da Copa de 1998. Pela atual situação da equipe norueguesa, esta revanche deve demorar várias Copas para acontecer.
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