08 outubro, 2006

Lula e Alckmin ignoram propostas e trocam provocações


Poucas propostas, guerra de números e troca de ataques e provocações, que em alguns momentos quase terminou em bate-boca, marcaram hoje o primeiro debate do segundo turno da eleição presidencial, na TV Bandeirantes.

Em tom quase agressivo, até então inédito na campanha, o candidato tucano, Geraldo Alckmin, cobrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre todos os escândalos de corrupção. Lula quis saber do adversário sobre CPIs barradas em São Paulo, fez ataques ao governo Fernando Henrique Cardoso e comparações de ações sociais.
Termos como “não diz a verdade”, “fraco” e “leviano” intercalaram perguntas e respostas. Já na abertura do programa, ao ser indagado sobre eventuais cortes de gastos, Alckmin provocou Lula: “Estive em todos os debates do primeiro turno.” Cumprimentou os candidatos derrotados Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT) por “não fugirem do debate” - Lula não foi a nenhum debate no primeiro turno. Só então respondeu à pergunta do mediador, jornalista Ricardo Boechat: “Vou cortar, mas não da Previdência, vou cortar primeiro da corrupção.”
Lula rebateu: “A impressão que eu tenho é que meu adversário é daqueles que decoram chavões para participar de debate. Ficou claro que a única coisa que eles (tucanos) sabem fazer é cortar gastos daquilo que não poderiam cortar - salário do trabalhador.” O presidente afirmou que fez o País crescer como nunca antes ocorreu. “Nem parece que o governador estava aqui em 2002, porque senão estaria me agradecendo. Este país estava quebrado.”
Ao longo do debate, o tucano disse várias vezes que Lula não respondia às perguntas. “O presidente é comandante das Forças Armadas, tem a Abin, é chefe do ministro que comanda a Polícia Federal, é um dos mais bem informados do País. Candidato Lula, de onde vem o dinheiro sujo, o R$ 1,75 milhão em dinheiro vivo, reais e dólares, para comprar um dossiê fajuto(dossiê Vedoin)?”
O presidente, irritado, rebateu: “Não só respondi como vou responder a todas as perguntas.” E emendou: “O único ganhador desse trambique todo foi o meu adversário. Minha campanha estava tranqüila, serena.” Alckmin, na réplica, emendou: “Dá para o trabalhador viver 416 anos (com o dinheiro apreendido com petistas que comprariam o dossiê Vedoin), uma fortuna. O senhor não teve nem a curiosidade de perguntar pro seu churrasqueiro de onde veio o dinheiro.”
Tortura - Lula asseverou que respondia com clareza e insinuou, quase no final do primeiro bloco, que Alckmin tinha “saudade do tempo da tortura”, pois no seu governo a Justiça tinha liberdade para investigar as denúncias no tempo devido. Emendou com uma pergunta sobre a suposta ligação do ex-ministro da Saúde Barjas Negri (PSDB) com o caso dos vampiros e “transações obscuras”. “Não meça as pessoas pela sua régua. Não tenho assessor condenado. Tenho 32 anos de vida pública honrada”, rebateu o tucano.
Lula também bateu na tecla da ética: “O governador deve olhar para a cara do povo e falar um pouco a verdade. E os 69 pedidos de CPIs engavetados?” Alckmin reagiu: “Quanta mentira. Como o Lula mudou. Veja, as CPIs só saíram porque o Roberto Jefferson falou para o Brasil, contou a verdade para o Brasil, senão ninguém estaria sabendo.”
Lula cobrou o PSDB, disse que “a única coisa boa que o Fernando Henrique fez foi o cartão corporativo” e questionou sobre sua ausência na platéia. Houve no debate uma guerra de números, que passou por carga tributária, gastos públicos, inflação e, sobretudo, investimentos em políticas sociais.

FONTE: IG