16 agosto, 2006

Duda recebeu R$ 7 mi no RJ por apenas duas reuniões

O publicitário e marqueteiro político Duda Mendonça, denunciado pelo Ministério Público (MP) na semana passada por corrupção passiva junto com o ex-governador do Rio Marcello Alencar (PSDB), recebeu R$ 7,2 milhões dos cofres do governo fluminense entre julho de 1997 e o fim de 1998 para participar de apenas duas reuniões como consultor. Segundo relatório em poder do MP, a agência A2CM, de Mendonça, foi contratada para "padronizar" a linguagem de sete empresas de publicidade contratadas pelo governo de Alencar e que estão sob investigação.
As empresas venceram licitação para prestar serviço ao Estado e, desde a segunda metade de 1997, repassavam até 50% de seu faturamento com os contratos para a A2CM de Duda Mendonça.
Além de Marcelo e Duda (ex-marqueteiro do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), também foram denunciados pelo MP o filho do ex-governador e ex-secretário estadual de Fazenda, Marco Aurélio Alencar; o ex-coordenador-geral da Secretaria de Fazenda Jomar Pereira da Silva e o ex-chefe de gabinete da secretaria Deodônio Cândido de Macedo Neto.
Os cinco também são acusados pelos promotores Carina Fernanda Gonçalves Carneiro e João Luiz Ferreira de Azevedo Filho de peculato (crime praticado por funcionário público), assim como 12 publicitários e sócios das sete agências contratadas pelo Estado.
"Perguntamos às agências quantas reuniões com o Duda fizeram para uniformizar a publicidade. Foram só duas. Ele foi muito bem pago", lembra o deputado Carlos Minc (PT), presidente da CPI que investigou o caso em 1999 - e serviu de base para a denúncia do MP. Além de Duda e Alencar, o MP denunciou outras 15 pessoas por corrupção passiva.
A informação sobre a freqüência dos encontros faz parte do documento entregue ao MP e que agora está com a 23ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça.
Pedro Nonato, sócio da agência Euso na época, estranhou a denúncia. "Fomos vítimas de chantagem, roubados, forçados a dar nosso dinheiro", acusa, dizendo que Duda Mendonça orientou, contra a vontade das contratadas, todas as campanhas do governo a partir de então.
Sócio da Contemporânea, José Antônio Calazans contou que houve uma reunião em julho de 1997, na qual ficou determinado que a A2CM - segundo ele, o nome de Duda não foi citado - receberia parte da verba das contratadas: "Foi um pedido-determinação".
Duda é procurado desde segunda-feira pela reportagem, mas não retornou as ligações, assim como Marcello Alencar.

FONTE: TERRA