13 novembro, 2006

Passageiros enfrentam novos atrasos em aeroportos do país

Os principais aeroportos do país voltaram a registrar atrasos, na manhã desta segunda-feira. A espera varia de 30 minutos a três horas, em média.Os problemas são maiores nos aeroportos de Congonhas e de Guarulhos, em São Paulo. Também eram registrados problemas em Brasília, em Minas e no Rio.No domingo (12), os passageiros voltaram a enfrentar ontem atrasos de até oito horas para conseguir viajar, mais de uma semana após o apagão aéreo que paralisou os principais aeroportos do país. A espera, também registrada nos últimos dias, se agravou na volta do fim de semana.Um funcionário da Infraero, que pediu para não ser identificado, disse à Folha que a situação iria piorar ainda mais com forte probabilidade de também continuar até o feriado de quarta-feira, Dia da República.

Motivo

O presidente da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), brigadeiro José Carlos Pereira, disse à reportagem não saber o motivo dos atrasos. A Aeronáutica nega que o maior espaçamento entre as decolagens seja resultado de uma nova operação-padrão por parte dos controladores, como ocorreu no início do mês, e considerou normais os atrasos de domingo.No sábado, os problemas foram atribuídos em parte à ausência de dois controladores do centro de controle de Brasília, que não foram trabalhar no turno da manhã --um teve um problema familiar e outro, quebrou a perna--, de acordo com Wellington Rodrigues, presidente da ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo). O desfalque teria criado um um efeito bola-de-neve e persistido.

Tensão

Sem uma resposta oficial sobre a nova onda de atrasos, o clima nos aeroportos foi tenso durante todo o domingo. Em Cumbica, o boato era que os controladores de Brasília tinham intensificado a operação-padrão, iniciada no início do mês, provocando os atrasos. A informação, porém, não foi confirmada.Cerca de 30 passageiros procuravam o SAC (Serviço de Aviação Civil), da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), para registrar reclamação, em Cumbica.

Crise

A falta de controladores em Brasília foi agravada após a queda do Boeing da Gol, em 29 de setembro, que resultou na morte dos 154 ocupantes. Após o acidente, ocorrido em Mato Grosso, um grupo de controladores foi afastado. No final de outubro, controladores decidiram iniciar a chamada operação-padrão, com maior espaçamento entre as decolagens. O objetivo seria garantir a segurança dos vôos. As normas internacionais determinam que cada operador deve controlar, no máximo, 14 aeronaves no mesmo instante.O resultado foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos. No dia 2, feriado de Finados, o tráfego aéreo entrou em colapso. Milhares de passageiros sofreram com esperas de até 20 horas e os prejuízos chegaram à rede hoteleira.A reportagem apurou que alguns controladores estão insatisfeitos com as negociações feitas com o governo federal. O fato indica que a categoria poderia ter aumentado o intervalo entre as aeronaves nos horários de pico, desde quinta, como uma espécie de operação-padrão, em menor escala que a registrada no início do mês, como forma de pressionar o governo. A Aeronáutica nega.

FONTE: FOLHA ON LINE