31 janeiro, 2007

Mega-Sena: irmãos querem ficar com herança


O advogado Sebastião Mendonça, que representa dois dos 11 irmãos de Renné Senna, ganhador de R$ 52 milhões assassinado em Rio Bonito (RJ) no início do mês, entrará sexta-feira com pedido na Justiça para anular o testamento do ex-lavrador, que atualmente prevê a divisão da fortuna entre a viúva, Adriana Almeida, e sua única filha, Renata Almeida Senna.

O anúncio da decisão de tentar anular o documento ocorreu nesta terça, mesmo dia da prisão temporária de Adriana, suspeita de envolvimento no assassinato. Ela, cujo pedido de prisão foi expedido pela juíza Renata Gil, da 2ª Vara Criminal de Rio Bonito, foi indiciada por homicídio qualificado, com base em escutas telefônicas realizadas mediante autorização judicial. Sua situação se agravou após a descoberta de que tinha amantes e mentiu à polícia - um deles seria segurança de Renné. A Justiça bloqueou os bens e contas bancárias da viúva e ordenou outras prisões, sem anunciar de quais pessoas.
O pedido de anulação do testamento partiu de Alcimar Santos, 51 anos, e Miguel Senna, 48, irmãos de Renné. O pedido deve gerar conflitos na família do milionário - o advogado Marcus Rangoni, que defende Renata, classificou a solicitação como "procedimento um pouco interesseiro". No primeiro testamento, feito logo após receber o prêmio, o milionário destinava metade dos bens à filha e o restante para ser dividido entre os irmãos - em porcentagens diferentes, que variavam de 5% a 15%.
Após prisão, viúva é hostilizada Recolhida à carceragem feminina da 72ª DP (São Gonçalo, no Grande Rio), Adriana foi hostilizada por um grupo de aproximadamente 200 pessoas em frente à unidade prisional quando ela saiu para depor - como já tinha ocorrido no último dia 12, quando ela prestou depoimento na 119ª DP (Rio Bonito). O portão precisou ser fechado porque havia ameaça de invasão. O grupo a chamou de "assassina" e "égua loira" - como um amante a chamava -, se aglomeraram para assistir à saída da viúva.
A multidão tentou impedir que o carro da polícia, onde ela estava, deixasse a delegacia. O veículo chegou a ser parado diversas vezes pela multidão e foi preciso reforço da Polícia Militar. Na porta da chefia de Polícia, onde ela foi depor, também houve tumulto. Curiosos se aglomeraram e Adriana chegou a ser xingada de "vagabunda".
Em Rio Bonito, a notícia da prisão de Adriana também provocou reação da população, ansiosa pelo desfecho do caso. Durante toda a tarde, dezenas de moradores se aglomeraram em frente à 119ª DP, na expectativa de ver a viúva chegar algemada - o que não ocorreu.
Mesmo depois de informados de que Adriana não seria levada à DP, muitos optaram por esperar. "Ela tinha de vir para cá, para que o povo pudesse olhar na cara dela", disse a dona de casa Maria Alcina Santos, 46 anos, de prontidão ao lado de duas amigas, debaixo de chuva fina.
Teve até quem aproveitasse a pequena multidão para ações de marketing, caso de dois rapazes que, com filipetas e estandarte, faziam propaganda de baile pré-carnavalesco.
A prisão de Adriana foi comemorada entre os parentes de Renné. A filha Renata chorou de emoção ao saber a notícia. "Continuo confiando na polícia. O bem prevalecerá sobre o mal", disse ela ao advogado Marcus Rangoni. A dona-de-casa Angela Senna, irmã do milionário, também vibrou ao saber que a cabeleireira tinha ido para a cadeia. "Ela agora vai ter que dizer quem planejou tudo com ela, pois certamente não estava sozinha", disse.


Acusação de ameaça


Outro irmão de Renné, Mazinho, acredita em crime premeditado. "Ela tinha de tudo. Não precisava fazer isso. Agora a máscara caiu. Quero ver qual é a próxima mentira que vai dizer. Quero olhar para a cara dela e ver o que vai contar. Meu irmão vinha sendo ameaçado, mas não sei por que não falava nada. Ele nunca gostou muito de andar com segurança, mas foi ela quem tirou os seguranças dele. Já devia estar premeditando".
Em depoimento à polícia, o irmão Miguel citou homem identificado como Wagner e salientou suas desconfianças. "No dia do aniversário do Renné, fiquei esperando por 45 minutos a autorização da Adriana para poder falar com ele. Quando conversávamos, um tal de Wagner, que se dizia segurança e enfermeiro, pediu para eu sair para aplicar insulina no meu irmão. Achei estranho. Parecia que estavam dando medicação demais para ele", declarou.


FONTE: TERRA