02 agosto, 2006

Beber água demais faz mal à saúde, diz estudo

Água para matar a sede, para melhorar a saúde e para emagrecer. Todos esses conceitos populares ajudam a pensar que quanto mais água bebemos melhor. Mas os cientistas dizem que a antiga fórmula está errada.
Um recente estudo hispano-americano indica que o consumo excessivo de água até prejudica a saúde. Segundo o Centro Superior de Investigações Científicas da Espanha e o Instituto de Medicina dos Estados Unidos, "há recomendações para a quantidade diária que o corpo necessita, mas afirmar que um ser humano requer oito copos de água por dia como regra geral não tem nenhuma base científica", explicou o diretor do comitê espanhol, Alberto Casteller.
O estudo indica que, em média, uma mulher deve ingerir diariamente uns 2,7 litros e um homem cerca de 3,7 litros. Mas nessa contagem entram todos os tipos de bebidas e até alimentos que contém água. O restante sobra. Para cada caso é preciso considerar a temperatura ambiente, o tipo de atividade diária e se há prática de exercícios físicos.

Sem emagrecimento

Os cientistas confirmam muitos dos conhecidos benefícios da água - fortalecimento de pele, unhas e cabelos porque hidrata e permite a eliminação de toxinas. Mas certos mitos como o emagrecimento acabaram rechaçados.
O estudo também alerta para o perigo dessa crença. Destaca o aumento dos casos de anorexia porque muitas pessoas estão ingerindo mais água em substituição a outros alimentos.
"Essa moda está se transformando em um problema grave. Nosso corpo tem 70% do peso em água. Para uma pessoa normal beber água constantemente não tem muita transcendência, mas para certos casos pode ser um risco mortal. Para quem tem pouco peso, há uma tendência à intoxicação por água. A redução de sódio abaixo do limite provoca tremores, confusão, perda de memória e pode haver colapso e morte", explicou o cardiologista Juan José Rufilanchas, chefe de cirurgia da Clínica Ruber, de Madri.
No processo de excesso de ingestão de água há uma reação anormal das células do cérebro. Como o líquido é mais do que o corpo está acostumado e necessita, os rins demoram mais tempo para filtrar.
Até completar a absorção, as células se incham e podem levar a transtornos nervosos, coma e morte. Nos casos de anorexia que atingem entre 0,5% e 1% das mulheres de 14 a 25 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde, há trastornos psíquicos, infecções graves, inflamações intestinais. A recomendação é de consumir água mais 45 nutrientes presentes em alimentos.

Problemas cardíacos

Quem tem problemas cardíacos corre o risco sofrer edemas por beber água demais. "Os doentes cardiovasculares precisam de diuréticos para evitar água e sal. Não tem sentido beber mais. Mas aumentam o consumo pela crença e modismo de que todos temos que beber mais água porque melhora a saúde. Veja que barbaridade", disse Rufilanchas.
Os cientistas espanhóis e americanos usaram como exemplo a maratona de Boston de 2002 para confirmar o perigo do excesso de ingestão de água.
Segundo o estudo, 488 atletas foram submetidos a um exame de sangue antes e depois da corrida. Dos que fizeram o teste e chegaram à meta à beira de um desmaio, cerca de 65% tinha baixo nível de sódio por ter bebido água demais.
Médicos e cientistas, entretanto, ressaltam que água na medida certa é positiva. A falta de hidratação afeta o metabolismo. No caso de idosos, a porcentagem corporal cai até os 50% do peso e é responsável por problemas gastrointestinais, cardiovasculares, renais, ósseos, hematológicos e endocrinológicos.
Sobre a quantidade diária a beber, recomendam "ouvir o corpo", beber quando a sede aparecer.

FONTE: TERRA