03 agosto, 2006

São Paulo ratifica força do Morumbi e vai à final da Libertadores


O São Paulo voltou a valorizar o mando de campo contra quem havia acabado com sua invencibilidade no Morumbi. Com tranqüilidade, ao som de "olé" de sua torcida, o clube paulista superou o Chivas por 3 a 0 e ratificou retrospecto extremamente favorável nas decisões em seus domínios. Assim, garantiu vaga na decisão do torneio sul-americano pelo segundo ano consecutivo e segue na luta pelo tetracampeonato.
Na primeira fase da Libertadores, o time mexicano derrotou o brasileiro no Morumbi, por 2 a 1, acabando com uma invencibilidade são-paulina de 30 jogos em seu estádio pelo torneio continental.Nesta quarta, a supremacia tricolor no Morumbi chegou novamente a ser ameaçada, no primeiro tempo, quando o zagueiro Fabão cometeu pênalti sobre Bautista. Entretanto, o goleiro Rogério Ceni defendeu a cobrança feita por Morales e abriu caminho para a classificação do São Paulo para a decisão. "Pelo momento da partida em que aconteceu, a defesa foi muito importante. Acho que o lance deu mais tranqüilidade ao time, principalmente porque marcamos duas vezes logo em seguida", comemorou o camisa 1 dos donos da casa.A defesa de Rogério Ceni apenas contribuiu para confirmar o excelente aproveitamento que o São Paulo tem como mandante em mata-matas da Copa Libertadores. Até aqui, em 13 decisões em sua casa, o time tricolor não saiu vitorioso em apenas uma oportunidade (em 1994, justamente na final, quando perdeu o título para o Vélez Sarsfield na disputa de penalidades após triunfo por 1 a 0 no tempo normal).Em seus domínios, aliás, a equipe paulista nunca foi superada em duelo de mata-mata da Libertadores. Agora, o time paulista ostenta 21 vitórias e um empate em 22 partidas disputadas no Morumbi. "Essa torcida é incrível. Desde criança eu tenho o sonho de atuar em um estádio cheio como esse, num jogo decisivo como esse, com tanto apoio assim", confessou o centroavante Ricardo Oliveira, autor do terceiro gol do São Paulo, o primeiro dele pelo clube na competição sul-americana.O sucesso como mandante garantiu ao São Paulo a participação na sexta decisão de Libertadores em sua história - o clube paulista já disputou o torneio 11 vezes. Única tricampeã e atual detentora do título, a equipe do Morumbi tentará confirmar nesta temporada a hegemonia no atual momento da competição continental. "Mais uma final, a segunda consecutiva, e estivemos entre os quatro melhores nos últimos três anos [o time tricolor foi eliminado pelo Once Caldas nas semifinais de 2004]. Isso mostra a nossa competência", atestou o zagueiro uruguaio Diego Lugano.
Em excelente momento, o São Paulo ainda ratificou uma vingança pessoal nesta temporada. Rival do Chivas no Grupo 1 da fase de classificação, o time paulista havia sido superado duas vezes pelos mexicanos, ambas por 2 a 1, ambas de virada (no México e em São Paulo). No duelo válido pelas semifinais, porém, a equipe tricolor se recuperou e angariou dois triunfos, ambos sem sofrer gols.A vingança foi ainda mais comemorada devido ao clima que precedeu a partida desta quarta-feira. O atacante Bautista, do Chivas, fez comentários depreciativos sobre a defesa do São Paulo, sobretudo ao zagueiro Lugano. Por conta disso, o camisa 5 desabafou depois de ter conseguido a classificação: "Essas coisas são do jogo e a provocação sempre existe, mas o importante é que nós marcamos muito bem e a defesa praticamente não teve trabalho. Apesar de falarem mal, nós fomos bastante seguros".Classificado, o São Paulo pode fazer a segunda decisão da história da Libertadores com dois rivais de um mesmo país. Campeão no ano passado, quando superou o Atlético-PR na decisão, o time paulista vai enfrentar o sobrevivente do duelo entre Libertad e Internacional-RS, nesta quinta-feira, em Porto Alegre. Na primeira partida entre as duas equipes houve empate por 0 a 0.

O jogo

Amparado por um triunfo por 1 a 0 no primeiro duelo longe de seus domínios, o São Paulo começou recuado no jogo contra o Chivas, nesta quarta-feira. Com espaço, a equipe mexicana trocou passes em sua intermediária defensiva, até a linha divisória do gramado. Desse ponto em diante, porém, as ações evidenciaram um misto de falta de criatividade dos visitantes e forte marcação imposta pelos donos da casa.Depois de um marasmo inicial, porém, o Chivas começou a encontrar espaços na defesa do São Paulo. Postado em seu campo defensivo, o time tricolor errou ao tentar fazer linha de impedimento para os atacantes mexicanos e quase foi castigado aos 21min, quando Santana recebeu livre na direita e cruzou rasteiro para Bautista. Completamente desmarcado, o avante tocou de primeira e mandou por cima do travessão de Rogério Ceni.
No entanto, a melhor oportunidade para a equipe visitante, que dominava a partida, aconteceu aos 27min. Fabão se apoiou em Bautista para tentar cortar um cruzamento da esquerda e o árbitro marcou pênalti. Na cobrança, um minuto depois, Morales tocou no canto esquerdo de Rogério Ceni e viu o goleiro praticar a defesa. "Esse lance nos deu mais moral e mudou a cara da partida", admitiu o meia Danilo.Realmente, o São Paulo foi outro depois do pênalti defendido por Rogério. E quando resolveu jogar, o time da casa definiu a partida. Aos 33min, Ricardo Oliveira arrancou com a bola da esquerda para o meio, tabelou com Leandro e foi travado dentro da área. A bola passou pelo goleiro Sánchez e sobrou para o próprio Leandro, que tocou de primeira para abrir o placar. Além disso, o camisa 9 interrompeu um jejum dos atacantes do time tricolor, que haviam passado quatro partidas inteiras sem balançar as redes adversárias. E se a vantagem parecia excelente para o São Paulo, ficou ainda melhor aos 40min. Ricardo Oliveira recebeu bola de costas para o gol, ajeitou com a cabeça e tocou de pé direito para trás. Com muita liberdade, o volante Mineiro apareceu na meia-lua e chutou de primeira, de pé direito, no ângulo direito de Sánchez. Um golaço para iniciar, ainda no primeiro tempo, os gritos de "olé" dos torcedores presentes no Morumbi."Nossa vantagem ficou muito confortável, mas não podemos achar que é definitiva. Nós criamos muito e fizemos por merecer o resultado favorável, mas precisamos manter o ritmo e chegar logo ao terceiro gol", cobrou o goleiro Rogério Ceni durante o intervalo.As cobranças de Rogério Ceni tiveram efeito logo aos 3min do segundo tempo, quando Souza recebeu livre na direita e cruzou na cabeça de Ricardo Oliveira. O camisa 12 desviou no canto direito de Sánchez e praticamente definiu a partida.Depois do gol de Ricardo Oliveira, o São Paulo diminuiu o ritmo. E assim, trocou passes ao som constante do "olé" propalado pelos torcedores da equipe tricolor. Em vantagem confortável, a equipe da casa passou a apenas administrar o resultado construído até ali.A situação do São Paulo ficou ainda melhor aos 28min, quando Reynoso cometeu falta dura em Lenílson e recebeu cartão vermelho. Com um homem a menos em campo, precisando de quatro gols para se classificar para a decisão da Libertadores, o Chivas se entregou. A equipe mexicana parou de agredir e apenas observou os mandantes tocarem a bola, à espera do apito final (e do início da comemoração).No meio do marasmo que marcou o segundo tempo, com passes laterais, o São Paulo ainda conseguiu criar uma excelente oportunidade para marcar aos 34min. Souza deu um chapéu em um zagueiro na lateral direita e tocou na frente para Ricardo Oliveira, que invadiu a área e chutou cruzado, perto da trave direita de Sánchez. O gol perdido, porém, não foi suficiente para aplacar o ânimo da torcida mandante, em festa desde o primeiro tempo.

SÃO PAULO
Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Edcarlos; Souza, Mineiro, Josué, Danilo (Lenílson) e Júnior (Richarlyson); Leandro e Ricardo Oliveira (Aloísio)
Técnico: Muricy Ramalho

CHIVAS
Sánchez; Rodríguez, Reynoso e Magallón; Martinez, Ramón Morales (Medina), Araujo, Santana (Patlán) e Juan Rodríguez; Bravo e Bautista
Técnico: Manuel de la Torre

FONTE: UOL