18 julho, 2006

Passa de 340 número de mortos por tsunami na Indonésia

PANGANDARAN, Indonésia (Reuters) - O número de mortos por um tsunami que atingiu vilarejos de pescadores e resorts turísticos na ilha de Java, na Indonésia, já ultrapassou os 340, e mais de 200 pessoas continuam desaparecidas, disseram autoridades nesta terça-feira.
Pelo menos quatro estrangeiros estão entre os mortos. Mais de 54.000 pessoas estão desabrigadas.
Não houve avisos antes da chegada das ondas, na segunda-feira, apesar de esforços na região para desenvolver um sistema de alerta rápido após um tsunami no Oceano Índico em 2004 ter matado 230 mil pessoas (170 mil só na Indonésia).
Mas muitos moradores e turistas reconheceram os sinais do tsunami e correram para lugares mais altos quando o mar recuou, antes que as ondas gigantes arrebentassem nas praias.
"Quando as ondas vieram, escutei as pessoas gritando e então ouvi algo como um avião prestes a cair aqui perto e eu saí correndo", disse Uli Sutarli, um trabalhador nas plantações que estava na praia de Pangandaran, um dos pontos duramente castigados.
As ondas arrastaram carros, motos e barcos sobre os hotéis e lojas, devastando casas e restaurantes, alagando campos de arroz situados a até 500 metros do mar. A região costeira do sul de Java é densamente povoada.
O vice-presidente, Jusuf Kalla, disse que o número de mortos chegou a 341 e que outras 229 pessoas estão desaparecidas.
Soldados tentavam resgatar corpos que ficaram presos entre os escombros nesta terça-feira. A Metro TV disse que vários corpos foram achados nas árvores ao longo da praia de Pangandaran, perto da cidade de Ciamis, a 270 Km de Jacarta.
Nenhum outro país registrou mortes ou danos por causa do tsunami de segunda-feira.
Os sobreviventes levantavam os lençóis amarelos que cobriam dezenas de corpos no chão de um hospital enquanto tentavam reconhecer familiares desaparecidos em Pangandaran.
Um homem abraçou uma criança que tinha o corpo coberto de lama, ao lado de fileiras de corpos cobertos por plásticos num necrotério improvisado.
Alguns dos desabrigados usavam esteiras e capas de plástico para fazer abrigos temporários nas colinas, na terça-feira. Agências de socorro ainda precisavam fornecer barracas na região de Pangandaran, apesar de que as cargas com materiais de ajuda começavam a chegar.
Imad Roimad, 32 anos, pai de duas crianças, disse à Reuters que sua família estava a salvo, mas que sua casa havia sido destruída, acrescentando: "Tudo estava destruído. Eu era um trabalhador. Agora, estou confuso. Quero ir para casa, mas não sei onde".
Um turista belga em Pangandaran, praia popular entre os surfistas e com vários pequenos hotéis, disse à Reuters TV que foi alertado sobre o tsunami quando uma garçonete de um bar à beira da praia passou por ele correndo e gritando.
"Vi essa enorme nuvem de água escura do mar vindo na minha direção. Eu agarrei a bolsa e comecei a correr... e a água me alcançou, me puxou para baixo e pensei que isso era o final de tudo". Ele contou que conseguiu agarrar um isopor e seguir na onda até um hotel.
O Centro de Pesquisa Geológica dos EUA disse que o terremoto sob o mar foi de 7,7 graus de magnitude. Seu epicentro foi a 180 Km da região mais abalada pelas ondas no sul da Java.
O Centro de Advertência de Tsunami do Pacífico, com sede nos EUA, disse que o terremoto não causaria uma "ampla ameaça destrutiva de tsunami", mas que poderia provocar alguns tsunamis locais.
Nenhum sistema de alerta de tsunamis foi estabelecido para a costa meridional de Java. Um sistema indonésio de alerta deveria estar em funcionamento atualmente, após o tsunami de 2004 -- o pior já registrado -- mas ele foi paralisado.
Questionado quantas bóias para detecção de tsunamis a Indonésia tem em operação desde que o primeiro estágio do sistema de alerta foi lançado, no ano passado, perto da costa de Aceh, no norte de Sumatra, uma autoridade do governo ligada ao projeto disse: "Nenhuma".
Kalla disse a repórteres que o governo desenvolverá um sistema de alerta inicial em Java e outras regiões da Indonésia dentro de três anos.
"Ainda estamos desenvolvendo o sistema de alerta inicial na Indonésia. Primeiro, ele será instalado na ilha de Sumatra. Expandiremos para outras regiões da Indonésia dentro de três anos", afirmou Kalla.
As 17.000 ilhas da Indonésia se espalham ao longo de um cinturão de intensa atividade vulcânica e sísmica, parte do qual é chamado de "Círculo de Fogo do Pacífico".
Terremotos são frequentes na Indonésia. Em maio, um abalo próximo à cidade de Yogyakarta, no centro de Java, matou mais de 5.700 pessoas.

FONTE: YAHOO